O
ídolo sertanejo diz que não se arrepende de ter aberto mão da vida pessoal pelo
sucesso e, aos 21 anos, tem seu próprio jatinho e compra tudo o que
quer
por
Rodrigo Cardoso
Luan Santana se define
como cantor sertanejo. Mas não usa bota nem chapelão. Tem mimo pelo cabelo,
cuidadosamente arrepiado. Gosta de rock’n’roll – e os números que giram em torno
dele seriam mesmo dignos de um rock star. Desde 2009, quando lançou o primeiro
álbum e alcançou o sucesso puxado pela grudenta canção “Meteoro”, o músico
vendeu 1,8 milhão de cópias. Atualmente, roda o País de jatinho particular, sobe
ao palco pelo menos 20 vezes por mês, cobra até R$ 500 mil por apresentação e
doou cerca de R$ 2 milhões para 24 instituições de caridade. Não é tudo. Luan é
patrocinado por quatro empresas e possui 50 produtos licenciados em seu nome, de
caderno escolar a jeans. Aos 21 anos, o sul-mato-grossense filho de um bancário
e uma dona de casa acaba de lançar o quinto trabalho, “Quando Chega a Noite”. Na
entrevista a seguir, o jovem cantor milionário passeia pela sua curta, intensa e
vitoriosa vida.
"O que aconteceu com o Michel Teló é raro. 'Ai Se Eu Te Pego'
é a 'Macarena' dos dias atuais. Conquistou todo mundo"
"Eu me considero responsável pela mudança de estilo
do sertanejo. Via bandas como o Creed e pensava:
Por que não posso usar calça colada com tênis?"
ISTOÉ
-
Você é
um sertanejo que não usa chapéu. Por quê?
LUAN
SANTANA -
Para
mim, sertanejo tinha de cantar usando bota, calça colada, cintão de fivela e
camisa de botão. Só que nunca usei chapéu. Sempre curti ajeitar o cabelo. Sou
vaidoso dentro do limite. Gosto bastante de ajeitar o cabelo, tenho uma personal
stylist que me veste, várias marcas que me mandam roupas, o que eu acho bem
legal. Mas não sou aquela coisa metrossexual. Tenho de estar bem nas fotos por
respeito aos fãs.
ISTOÉ
-
Como
era no começo?
LUAN
SANTANA -
No
começo, minha mãe ia às lojas comprar roupas para mim. E eu usava botas
emprestadas de amigos, porque um par delas custava R$ 2 mil, R$ 5 mil. Mas nunca
levei jeito para usar bota, eu usava porque cantava sertanejo. Como elas eram
dois, três números maiores que o meu pé, eu pisava meio estranho e um dia eu caí
no palco. Aí, parei de usar bota e passei a usar tênis, que se f.! Desde então,
me apresento assim.
ISTOÉ
-
O que
gostaria de fazer e não faz por causa da fama?
LUAN
SANTANA -
Andar
na calçada normalmente, atravessar uma rua no meio dos carros, essas coisas. Ir
ao mercado, à padaria também. Mas não dá, porque atrapalha o funcionamento do
lugar, né?
ISTOÉ
-
Vai a
banco?
LUAN
SANTANA -
Não.
Tenho quem faça isso para mim. Mas consigo ir ao cinema. Espero o filme começar
e depois, no escuro, eu entro. Preciso sempre de uns esqueminhas para fazer as
coisas.
ISTOÉ
-
Isso
não o incomoda?
LUAN
SANTANA -
Foi o
que eu escolhi para a minha vida. Sabia desde o começo que seria assim.
Crucifiquei minha adolescência, mas tudo bem. Sempre tive na cabeça o que eu
queria. Também não penso se meus amigos curtem a juventude mais do que eu.
Coloquei na cabeça que queria essa vida, consegui alcançar isso e agora dou
valor ao que conquistei. Não quero voltar no tempo, ter uma vida normal. Abri
mão, sim, da minha vida pessoal, mas não foi à toa. Muita coisa me faz feliz
hoje. Sou mais feliz do que muita gente que viveu o que eu não
vivi.
ISTOÉ
-
Quem
administra o seu dinheiro?
LUAN
SANTANA -
Antigamente,
o pouco do dinheiro que eu ganhava era o meu pai quem administrava. Hoje, tem um
escritório que o administra. Eu não tenho talão de cheque, mas uso cartão de
crédito. Ninguém impõe um limite para eu gastar. Tudo o que quero eu compro. Mas
não sou de fazer loucuras com dinheiro, não. Com o dinheiro que ganhei, comprei
a casa (de 500 m2, avaliada em R$ 2 milhões) onde moro com os meus pais, em
Londrina; uma chácara, onde gosto de andar de jet ski e pescar; e um carro para
mim.
ISTOÉ
-
O que
fez quando ganhou dinheiro pela primeira vez?
LUAN
SANTANA -
Quando
ganhei meu primeiro dinheiro cantando, comprei um tênis – eu sempre via os meus
amigos com tênis de marca. Aos 12 anos, em um churrasco beneficente de uma
igreja, duas duplas cantavam no palco e eu subi para cantar uma música do Edson
e Hudson. Era a única que minha irmã e minha prima sabiam me acompanhar fazendo
coreografia. A galera achou bacana um garoto cantando afinadinho. Cantei umas
dez músicas. Quando terminei, o cara que fazia o churrasco me deu R$
100.
ISTOÉ
-
Era fã
de cantores sertanejos?
LUAN
SANTANA -
Nunca
fui de ficar na porta de hotel esperando os músicos. Sempre achei fascinante o
mundo dos artistas, chegar numa cidade e a galera ovacionando. “Nossa, deve ser
mágico, um dia quero essa galera toda me querendo”, eu pensava. Eu era fã de
Zezé di Camargo e Luciano, fui a um show deles aos 4 anos, no ombro da minha
mãe, e a outro, no fim do ano passado.
ISTOÉ
-
Ainda
há preconceito contra os sertanejos?
LUAN
SANTANA -
Não
vejo mais preconceito. Hoje, a turma está tomando cerveja no posto e ouvindo
sertanejo com a porta do carro aberta. O sertanejo hoje se aproxima do pop, é
influenciado pelo pop, ouve muito rock, pop, o que acaba tendo reflexo nas
músicas. Até o jeito de tocar violão é diferente agora. Os solos grudam mais na
cabeça, ficam mais na memória, são pegajosos. Eu ouço Creed, Nickelback e
country americano. Via as bandas de rock tocando e pensava: “Por que eu não
posso me vestir de xadrez, arrepiar o cabelo e usar calça colada com tênis?” Eu
me considero muito responsável pela mudança no estilo de vestir do
sertanejo.
ISTOÉ
-
Você
diz preferir centrar a carreira no Brasil. O Michel Teló, por sua vez, estourou
lá fora com “Ai Se Eu Te Pego”. Como enxerga isso?
LUAN
SANTANA -
O
Michel é meu parceiro. No meu primeiro DVD, o chamei para cantar comigo. Já
fizemos churrasco juntos. O que aconteceu com o Michel é muito raro. “Ai Se Eu
Te Pego” é como a “Macarena” do século passado, é a “Macarena” dos dias atuais.
As pessoas nem sabem o que a música quer dizer, mas conquistou todo mundo pelo
ritmo. E o mais legal é que se trata de uma música de língua portuguesa
conquistando os gringos que falam inglês e espanhol. É algo totalmente raro! Tem
esportista dançando ao som dela pra tudo quanto é lado. Foi muito legal para o
Brasil. Isso acontece uma vez a cada 50 anos.
ISTOÉ
-
Já
teve de conviver com histórias de infidelidade?
LUAN
SANTANA -
Acho
que nunca fui traído, não! Agora, trair (sic), eu tive três namoradas na vida.
Quando estava namorando, fui fiel. Mas namorei por pouco tempo, nunca aguentei
ficar só com uma pessoa. Um ano foi o meu maior tempo de namoro. Eu sou meio
ciumento. Quero saber para onde a garota está saindo, lógico, e a hora que vai
voltar para casa. Mas, antes disso, eu acho que a menina que está comprometida
comigo não precisa sair demais, não. Tá comprometida, então, tem de sair comigo!
É ou não é? Ou então fica solteira e sai com as amigas, uai! Mas eu quero casar,
ter a minha família e aquietar.
ISTOÉ
-
Existe
um tipo de assédio que o incomoda?
LUAN
SANTANA -
Não.
Lutei muito para a galera ficar me querendo. Batalhei para chegarem em mim e
pedirem foto, autógrafo. Já aconteceu de rasgarem a minha roupa, puxarem o meu
cabelo, me arranharem, quebrarem vidro de aeroporto. Tudo bem por mim. Cada um
tem seu jeito de demonstrar carinho, mais agressivo ou não. Nessas horas, eu me
lembro do show debaixo do pé de manga que eu fiz, da gente construindo o palco,
fã reclamando das formigas que a picavam... Não quero voltar a ser o que eu era
antes da fama... De jeito nenhum! Não quero perder a fama.
ISTOÉ
-
Como
foi esse show embaixo do pé de manga?
LUAN
SANTANA -
Fizemos
uma promoção para algumas fãs viajarem comigo para um show. Primeiro, passei uma
tarde cantando junto delas na casa de um amigo. De noite, fomos para o show,
cinco meninas com a gente dentro da van. Aí, quando chegamos ao local, começamos
a estranhar que o show seria no fundo de um bar que tinha uns bêbados caídos na
porta. Bom, o show era debaixo de um pé de manga, o palco era pequenininho,
iluminado por uma lâmpada puxada da fiação de uma casa. Havia 30 pessoas na
plateia. Subi no palco e as fãs ali, debaixo da árvore, em cima de um chão de
terra batida. Até que uma começa a bater nas pernas para espantar as formigas.
Essa menina não aguentou e disse: “Olha onde você traz a gente! Um lugar cheio
de formiga! Não vou mais pedir música sua na rádio.” Foi um show que não deu
muito certo... o cara (contratante) não acertou direito, né? Também já fiz show
para dez pagantes, em Maringá, em 2008. Ali, eu pensei em desistir da
carreira.
ISTOÉ
-
Como
os seus pais se comportavam nesses momentos?
LUAN
SANTANA -
Meus
pais sempre deixaram eu seguir o meu caminho com as próprias pernas. Minha mãe
ficava preocupada porque eu, com 16 anos, já ia para shows, na estrada, vivia na
noite, sozinho. Vi de perto muita gente usando droga, bebendo até cair. Mas eu
sempre fui cabeça, soube separar o certo do errado, nunca misturei as coisas. Há
um ano e pouco, eu estava numa batida muito grande, fazia 28 shows por mês.
Tinha mês que eu não voltava para casa. Eu sentia saudade de amigos, família,
porque vivia num mesmo mundo, vendo as mesmas pessoas sempre. Por isso e também
porque tenho uma vida pessoal melhor, este ano estou pisando um pouco no
freio.
ISTOÉ
-
O que
é vida pessoal melhor?
LUAN
SANTANA -
Com
mais tempo livre. Já fiquei 90 dias sem voltar para a casa onde moro com os meus
pais, em Londrina. Agora, retorno, em média, uma vez por semana. Nessas horas
livres, amo pegar o meu carro e dirigir sozinho. Durmo bastante, vou à academia
e para a chácara andar de jet ski.
ISTOÉ
-
Tem
sonho de consumo?
LUAN
SANTANA -
Comprar
uma fazenda. Quero ser fazendeiro.
Fonte:
FCO Luan Santana um Beijo Conde
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